segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Argumentos Falaciosos

Argumentos Falaciosos - um pequeno compêndio para evitar a compra de gatos por lebres
por Fredric Litto
Professor da ECA-USP (Rádio-Televisão e Comunicação)
desde 1971, coordenador científico da Escola do Futuro da USP
e presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED)


Todo mundo sabe o que é uma mentira. Feita de uma pessoa para outra, ou para muitas outras, é uma afirmação cujos fatos enunciados não correspondem à verdade. Mentiras são maneiras de evitar uma possível punição ou de encobrir uma situação ridícula; pode ser também uma estratégia para não comprometer outras pessoas injustamente. Afinal, ninguém gosta de ser, ou merece ser, vítima de mentiras no que elas têm de condenável porque escondem a verdade. Por exemplo, houve uma época no Brasil, quando todos sabiam que se o governo federal anunciasse que não ia fazer alguma coisa, como criar um novo imposto, baixar uma nova lei de emergência.... isso infalivelmente seria feito, e dentro de pouco tempo. A vítima de uma mentira sempre está em desvantagem porque não sabe a verdade, não tem a informação correta para tomar uma decisão acertada, podendo ainda se sentir em dúvida, num ceticismo perturbador, até que a verdade se imponha. A vítima de uma mentira age sob a influência de um ardil verbal. Acredita naquilo que supõe ser verdadeiro quando não o é. Podemos ser vitimados também por um outro tipo de desvio de pensamento que é tão perigoso e enganador quanto a mentira: a falácia.

Enquanto a mentira é uma informação falsa, uma falácia é um argumento falso, ou uma falha num argumento, ou ainda, um argumento mal direcionado ou conduzido. A origem da palavra "falaz" remete à idéia do deceptivo, do fraudulento, do ardiloso, do enganador, do quimérico. Para entender bem isso, é preciso lembrar que quando pessoas esclarecidas
tentam convencer outras também esclarecidas a acreditar em suas afirmações, precisam usar argumentos, isto é, exemplos, evidências ou casos ilustrativos que confirmem a veracidade do enunciado. Como se vê, estamos falando de discursos, de enunciados, de declarações feitas com o fim de persuadir, levando alguém ou um grupo a acreditar numa coisa ou outra. Você acredita em tudo o que escuta ou lê? Claro que não. A diferença entre uma pessoa esclarecida e uma não- esclarecida é a maneira como ambas lidam com discursos: a primeira tem critérios para aceitar ou rejeitar argumentos; a segunda ainda não aprendeu os critérios para distinguir argumentos que carecem de fundamentação.

Note bem: não confunda mentiras com falácias. Mentiras são desvios ou erros propositais sobre fatos reais; falácias, por outro lado, são discursos, ou tentativas de persuadir o ouvinte ou leitor; promovendo um engano ou desvio, porque suas estruturas de apresentação de informação não respeitam uma lógica correta ou honesta, pois foram manipuladas certas evidências ou há insuficiência de prova concreta e convincente. Uma afirmação falaciosa pode ser composta de fatos verdadeiros, mas sua forma de apresentação conduz a conclusões erradas. Toda pessoa esclarecida, instada a elaborar argumentos, por força do trabalho que executa ou de situações cotidianas, deve reconhecer nos próprios argumentos o uso proposital do raciocínio falacioso (intenção de ludibriar) e a imperícia de raciocínio (lógica acidentalmente comprometida). De uma forma ou de outra, compra-se ou vende-se gato por lebre.

Uma vez sabendo identificar falácias,
você vai começar a vê-las por todo lado. Nos discursos de candidatos a cargos políticos, nas notícias de jornal (tanto impresso quanto televisivo), nas reuniões de condomínio, nas frases de vendedores (de imóveis, de carros e planos de saúde, de cartões de crédito). Há quem cometa falácias sem malícia, meramente como resultado de raciocínio apressado ou ingênuo. Mas é mais freqüente encontrar falácias em argumentos de pessoas ou instituições que querem enganar o ouvinte, querem convencê-lo a concordar com o enunciado (seja votar, comprar ou decidir, manipulando a vontade do interlocutor).

Para quem é professor, por exemplo, é mais importante levar seus alunos a entender como identificar falácias enunciadas por outros, e como não cometer uma falácia, do que ensinar uma grande quantidade de fatos a serem memorizados e logo esquecidos. Aquilo que o professor ensina aos seus alunos deveria ficar com eles até o fim dos seus dias, protegendo-os de políticos capciosos, vendedores oportunistas e de vizinhos intimidadores, desejosos de manipular o pensamento dos seus ouvintes, enganando-os com argumentos falsos ou desviados.

Assim, uma falácia não é apenas um erro; é um erro de um certo tipo, que resulta do raciocínio impróprio ou fraudulento. A falácia tem todo o aspecto de um argumento correto e válido, embora não o seja. Esse é seu grande perigo: parece correto, mas não é, além do que, leva a outros erros de pensamento, como conclusões erradas. Existem três grandes categorias de falácias: (A) aquelas baseadas em ''truques de palavras''; (B) aquelas que representam a perversão de métodos de argumentos legítimos, especialmente o indutivo; e (C) aquelas que representam argumentos extraviados ou desencaminhados.

Para cada tipo de falácia daremos o nome, uma definição e um ou mais exemplos. [O autor do artigo ficará feliz em receber de leitores sugestões de falácias aqui omitidas para serem acrescidas numa nova atualização].

A. Truques de Palavras
- 1. Equívoco
- 2. Conotação Contrabandeada
- 3. Eufemismo e Hipérbole
- 4. Ênfase Incorreta na Frase
- 5. Uso Incorreto de Etimologia
- 6. Acidente
- 7. Coisificação, ou Reificação

B. A Perversão de Métodos Legítimos de Argumentação
- 8. Depois do Fato, Portanto Devido a Ele
- 9. Números Grandes
- 10. Significância Ambígua
- 11. Citação Fora do Contexto, ou Contextualização
- 12. Falácias de Estatística
- 13. Composição
- 14. Divisão
- 15. Falácia Genética
- 16. A Ladeira Escorregadia

C. Argumentos Extraviados
- 17. Reivindicação à Perfeição, ou a Exigência de Perfeição
- 18. Circularidade, ou Evitando a Questão
- 19. Auto-Contradição
- 20. Non-sequitur, ou "Não Segue"
- 21. Generalização Precipitada
- 22. Generalização Desmedida
- 23. Argumentando a Partir da Ignorância
- 24. Jogo da Meia-Verdade
- 25. Falácia do "Homem de Palha"
- 26. Falácia de Bifurcação, ou de "Branco ou Preto"
- 27. Mudança do Ônus da Prova
- 28. Falácia das Premissas Escondidas
- 29. Estereótipos
- 30. Condenando a Fonte
- 31. Argumento ao Povo, ou Falácia do "Trio Elétrico"
- 32. Argumento de Autoridade ou de Antigüidade
- 33. Apelação ao Status Sócio-Econômico
- 34. Apelação à Pobreza
- 35. Argumento Dirigido às Emoções, ao Sentimento de Pena
- 36. Falácia da Conclusão Irrelevante
- 37. Falácia de "Dois Erros Fazem um Certo"
- 38. Apelação para Consideração Especial
- 39. Apelação pela Novidade
- 40. Apelação pela Repetição
- 41. Falácia da Redução ao Absurdo
- 42. Diversão
- 43. A Falácia Temática
- 44. Reducionismo Excessivo
- 45. Ameaça de Uso de Força

Fonte: uol.com.br/aprendiz/n_colunas/f_litto/

Alguns Termos Básicos (B)

Alguns Conceitos Essenciais (para Filosofia)

Retirados do "Glossário de Termos Gregos"

Introdução à História da Filosofia - Marilena Chauí


- Eiróneia: Ação de interrogar fingindo ignorância. É a primeira parte do método socrático, quando Sócrates interroga o interlocutor como se nada soubesse do assunto discutido.

- Hýbris: Tudo o que ultrapassa a medida, excesso, desmedida; em geral, indica algo impetuoso, desenfreado, violento, um ardor excessivo.

Nos seres humanos é insolência, orgulho, soberba, presunção.

- Sophrosýne: Estado de saúde e perfeição do corpo e do espírito. Moderação, temperança, bom senso, prudência, frugalidade.

O verbo sophronízo significa: tornar moderado, temperante, prudente; aprender a conter desejos, impulsos e paixões.

Sophronéo é ser sóbrio, modesto, simples, temperante, moderado nos apetites e desejos.

Estas palavras se derivam de sáos: intacto, bem conservado, são e salvo; alguém seguro com quem se pode contar sempre de maneira certa.

A sophrosýne é o ideal ético do sábio, pois significa a integridade física e psíquica daquele que sabe moderar seus apetites e desejos e pratica a phrónesis.

- Hormé: Assalto, ataque, impulso violento, ímpeto, ardor, instinto, desejo.

Vem do verbo ormáo: empurrar, pôr em movimento, iniciar uma guerra com o primeiro ataque, lançar-se na direção de alguma coisa, precipitar-se sobre alguma coisa para agarrá-la.

Este verbo indica um movimento forte ou violento na direção de alguma coisa para possuí-la, atacá-la, agarrá-la.

Hormé é o desejo como apetite natural, instinto, impulso. Ver órexis.

- Órexis: Apetite, desejo, ação de tender para alguma coisa.

O verbo órego significa: tender, estender, oferecer, apresentar, dar, estender-se, alongar-se, agarrar com as mãos, estender as mãos para agarrar, visar a, aspirar a, querer alcançar algo, tocar, expandir-se de alegria.

Aparentemente, órexis seria o mesmo que hormé (ver hormé), mas hormé é o desejo como instinto quase incontrolável que é suscitado pela presença de algo externo enquanto órexis é o desejo como um apetite vindo do interior daquele que deseja alguma coisa, suscitado no próprio desejante, algo que faz parte da natureza do desejante.

- Arithmós: Inicialmente, grande quantidade a ser arranjada ou ordenada.

A seguir, número, significando o ordenamento harmonioso ou harmonia proporcional das coisas bem ordenadas.

A aritmética é a ciência dos números, entendidos como ordenação harmoniosa e proporcional das coisas numeradas ou arranjadas racionalmente.

- Kairós: Em sentido amplo, significa justa medida ou medida conveniente.

Com relação ao tempo, significa momento oportuno, momento certo, tempo favorável, tempo certo, instante favorável; boa ocasião, oportunidade, circunstância favorável ou oportuna.

É o tempo como algo rápido e efêmero que deve ser agarrado no momento certo, no instante exato, porque, do contrário, a ação não poderá ter sucesso e fracassará.

- Dianóia / Dianóesis: Raciocínio, pensamento que opera por inferência ou por etapas até chegar à conclusão verdadeira, raciocínio dedutivo e/ou indutivo. Para melhor compreensão, ver nôus, nóesis.

É o conhecimento discursivo ou racional como atividade da inteligência na ciência, diferente da intuição direta e imediata das idéias.

Faculdade de pensar como reflexão, meditação, disposição atenta da inteligência, raciocínio.

- Noûs (ou nóos): Faculdade de pensar, inteligência, espírito, pensamento, intelecto, reflexão, intenção racional, maneira de ver pelo pensamento, sentido racional de um discurso.

O verbo noéo significa: colocar no espírito, refletir, compreender, meditar; ter bom senso ou razão; ter um sentido ou uma significação.

O substantivo nóema significa: fonte do pensamento ou da inteligência, reflexão, projeto, desígnio.

O substantivo nóesis significa: ação de colocar no espírito, concepção, inteligência ou compreensão de alguma coisa, faculdade de pensar, espírito.

Opõe-se a aísthesis (conhecimento através dos sentidos, sensibilidade).

Anaxágoras designa como nôus o ser inteligente que põe a natureza em movimento e faz existir o kósmos.

Com Platão e Aristóteles nôus, noésis, nóema, nóia indicam o intelecto e a atividade intelectual; nóesis significa a intuição intelectual, o conhecimento direto e imediato da verdade de uma essência ou de um princípio.

- Aísthesis: Percepção pelos sentidos, sensação; percepção pela inteligência, sensibilidade ou o conhecimento sensível-sensorial; órgãos dos sentidos.

Aistherikós; que tem a faculdade de sentir, de perceber pelos sentidos.

- Enérgeia: Força em ação, força em ato, atividade (por oposição a dýnamis, que é a força potencial).

O verbo energéo significa: agir, produzir, realizar, executar, dirigir ativamente, agir sobre alguma coisa, operar.

Em Aristóteles, a enérgeia é própria da forma, daquilo que a coisa é em seu presente ou atualidade.

- Dýnamis: Aptidão, capacidade, faculdade, potencialidade ou possibilidade para alguma coisa.

Força da natureza, força da moral, fecundidade do solo, eficácia de um remédio, valor de uma moeda, valor ou significado de uma palavra.

Força militar. Força e poder para influenciar o curso de alguma coisa. É da mesma raiz do verbo dýnamai, que significa:

1.) ter poder para, ter capacidade e autoridade para;

2.) ter valor, ter significação;

3.) na matemática: elevar um número ao quadrado, ao cubo, aumentando sua potência;

4.) potência.

Quando usado como verbo impessoal significa “é possível”. A dýnamis se refere a um poder, a uma força ou potência de alguém ou de alguma coisa a quem torna possível certas ações. É possibilidade ou capacidade contida na natureza da coisa ou da pessoa.

Em Aristóteles, significa aquilo que um ser pode vir a tornar-se no tempo, graças a uma potencialidade que lhe é própria. Na filosofia aristotélica, é a razão e racionalidade do devir, o poder para ser, fazer ou tornar-se alguma coisa.

A Liberal Decalogue - Bertrand Russell

Bertrand Russell, em sua Autobiografia(1951), propôs uma interessante
"nova forma" ou "novo jeito" provisório de "dever", não com a finalidade de contradizê-lo, contrapor-lo ou combatê-lo - o método cristão - , mas como o próprio não-convencional autor do mesmo diz, uma modalidade diversa para apenas "completá-lo".

Este "Decálogo Liberal" apareceu pela primeira vez no final do artigo "A melhor resposta ao fanatismo: Liberalismo" na New York Times Magazine (16/Dez/1951). Foi então incluído em The Autobiography of Bertrand Russell, vol. 3, 1944-1967.

Vou o deixar na versão íntegra em inglês, pois a compreensão do tal parece não gerar problemas, dada a autenticidade, simplicidade e clareza do decálogo. Para qualquer possível problema, o Google provavelmente o traduzirá em 1 segundo.


A Liberal Decalogue

1. Do not feel absolutely certain of anything.

2. Do not think it worth while to proceed by concealing evidence, for the evidence is sure to come to light.

3. Never try to discourage thinking for you are sure to succeed.

4. When you meet with opposition, even if it should be from your husband or your children, endeavour to overcome it by argument and not by authority, for a victory dependent upon authority is unreal and illusory.

5. Have no respect for the authority of others, for there are always contrary authorities to be found.

6. Do not use power to suppress opinions you think pernicious, for if you do the opinions will suppress you.

7. Do not fear to be eccentric in opinion, for every opinion now accepted was once eccentric.

8. Find more pleasure in intelligent dissent that in passive agreement, for, if you value intelligence as you should, the former implies a deeper agreement than the latter.

9. Be scrupulously truthful, even if the truth is inconvenient, for it is more inconvenient when you try to conceal it.

10. Do not feel envious of the happiness of those who live in a fool's paradise, for only a fool will think that it is happiness.

Gottlob Frege - Biografia Ornamentada

Frege -
Biografia Brevemente Ornamentada


Datas Importantes:

1848 - nasce em 8 de novembro em Wismar, Mecklenburg-Schwerin.

1869 - frequenta a Universidade de Jena.

1871 - frequenta a Universidade de Göttingen.

1873 - doutor em Matemática (Geometria), atingiu em Göttingen.

1874 - habilitação em Jena, professor particular.

1879 - Professor Extraordinarius em Jena.

1896 - Ordentlicher Honorarprofessor em Jena.

1917 ou 1918 - se aposenta.

1925 - falece em 26 de julho em Bad Kleinen (Mecklenburg-Vorpommern).

Friedrich Ludwig Gottlob Frege nascido em Wismar no Estado de Mecklenburg-Schwerin (o alemão moderno estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental) a 8 de novembro de 1848, e morreu em Bad Kleinen, 26 de julho de 1925. Foi um matemático, lógico e filósofo alemão.

Trabalhando na fronteira entre a Filosofia e a Matemática, Frege foi um dos criadores da Lógica Matemática Moderna e da Filosofia Analítica, principalmente focando seus trabalhos sobre Linguagem e Matemática. Considerado atualmente um dos maiores lógicos de todos os tempos, ao lado de Aristóteles e Bertrand Russell.

Frege foi pouco conhecido durante a sua vida. Essencialmente ignorado pelo mundo intelectual do seu tempo quando publicados seus artigos, foram mais tarde intensamente propagados por Giuseppe Peano e pelos escritos de seu aluno Rudolf Carnap e outros admiradores, especialmente Bertrand Russell, que ajudaram a introduzir seu trabalho para gerações posteriores de lógicos e filósofos.

Seu pai, Karl Alexander Frege, foi o fundador e diretor de uma escola para meninas, até sua morte em 1866. Posteriormente, a escola foi dirigida pela mãe de Frege, Auguste Wilhelmine Sophie Frege (Bialloblotzky, aparentemente de descendência polonesa).

Logo na infância, Frege teve contato com a Filosofia, dos quais deverão nortear a sua futura carreira científica. Por exemplo, seu pai escreveu um livro sobre o idioma alemão para crianças de 9 a 13 anos, a primeira seção tratou da estrutura e da lógica da linguagem.

Frege estudou em um ginásio em Wismar, e graduou-se na idade de 15 anos. Seu professor, Leo Sachse (e também poeta) desempenhou o papel mais importante na determinação da futura carreira científica de Frege, incentivando-o a continuar seus estudos na Universidade de Jena.

Matriculou-se na Universidade de Jena na primavera de 1869, como um cidadão da Alemanha do Norte. Nos quatro semestres de seus estudos, ele atendeu cerca de vinte cursos de palestras, a maioria deles em Matemática e Física.

Seu professor mais importante foi Ernst Abbe (físico, matemático e inventor). Abbe deu palestras sobre a Teoria da Gravidade, Galvanismo e Eletrodinâmica, a Teoria de Funções de uma Variável Complexa, as aplicações da Física, as Divisões selecionando Mecânica, e Mecânica dos Sólidos. Abbe era mais do que um professor para Frege. Era um amigo de confiança e, como diretor da fabricante Zeiss - Óptica, ele estava em uma posição de grande influência para a carreira de Frege. Após a formatura de Frege, foi com ele que entrou em mais correspondência.

Alguns outros professores notáveis foram Karl Snell (temas: utilização da Análise Infinitesimal na Geometria, Geometria Analítica de Aviões, Mecânica Analítica, Ótica, Bases Físicas da Mecânica); Hermann Schäffer (Geometria Analítica, Física aplicada, Análise Algébrica no telégrafo e em outras máquinas eletrônicas, e o famoso filósofo, Kuno Fischer (História da Filosofia Crítico-Kantiana).

Começando em 1871, Frege prosseguiu seus estudos em Göttingen, a principal Universidade de Matemática em territórios de língua alemã, onde frequentou as aulas de Alfred Clebsch (Geometria Analítica), Ernst Christian Julius Schering (Teoria da Função), Wilhelm Weber (físicos, Física Aplicada), Eduard Riecke (Teoria da Eletricidade) e Rudolf Hermann Lotze (Filosofia da Religião). Muitas das doutrinas filosóficas do Frege maduro tem paralelos na de Lotze, onde sido objeto de debate acadêmico, se houve ou não uma influência direta sobre as opiniões de Frege, decorrentes das teorias e idéias proferidas nas palestras de Lotze.

Tornou-se professor de Matemática em Jena, onde lecionou primeiro como docente e, a partir de 1896, como catedrático, onde permaneceu até sua morte. Em 1879 publicou Begriffsschrift – 1879, Ideografia (Ideography) – é

uma tradução sugerida em carta pelo próprio autor, outra opção seria Notação Conceptual, marcou um ponto de viragem na história da Lógica onde, pela primeira vez, se apresentava um sistema matemático lógico no sentido moderno. O Begriffsschrift quebrou com o paradigma até então de lógica, incluindo um tratamento rigoroso das idéias de funções e variáveis. Frege queria mostrar que a Matemática surgiu a partir da lógica, mas ao fazê-lo, produziu teorias e técnicas elaboradas que o levou muito além da lógica silogística aristotélica e estóica proposicional que tinha chegado até ele até então pela, na tradição lógica.

Em parte, como já mencionado, incompreendido por seus contemporâneos, tanto filósofos como matemáticos, Frege prosseguiu seus estudos e publicou, em 1884, Die Grundlagen der Arithmetik (Os Fundamentos da Aritmética), obra-prima filosófica que, no entanto, sofreu uma demolidora crítica por parte de Georg Cantor, justamente um dos matemáticos cujas idéias se aproximavam mais das suas.

Em 1903 publicou o segundo volume de Grundgesetze der Arithmetik (Leis básicas da Aritmética), em que expunha um sistema lógico no qual seu contemporâneo e admirador Bertrand Russell encontrou uma contradição, que ficou conhecida como o paradoxo de Russell. Esse episódio impactou profundamente a vida produtiva de Frege.

Segundo Russell, apesar da natureza de suas descobertas marcarem época, sua obra permaneceu na obscuridade até 1903, quando o próprio filósofo e matemático inglês chamou atenção para a relevância dos escritos. O grande contributo de Frege para a lógica matemática foi o criação de um sistema de representação simbólica (Begriffsschrift, Conceitografia ou Ideografia) para representar formalmente a estrutura dos enunciados lógicos e suas relações, e a contribuição para a implementação do Cálculo dos Predicados.

Esse parte da decomposição funcional da estrutura interna das proposições (frases), em parte substituindo a velha dicotomia sujeito-predicado, herdada da tradição Lógica Aristotélica, pela oposição matemática função-argumento e da articulação do conceito de quantificação (implícito na lógica clássica da generalidade), tornado assim possível a sua manipulação em regras de dedução formal. As expressões "para todo o x", "existe um x", que denotam operações de quantificação sobre variáveis têm na obra de Frege uma de suas origens.

Ao contrário de Aristóteles, e mesmo de Boole, que procuravam identificar as formas válidas de argumento, e as assim chamadas "Leis do Pensamento", a preocupação básica de Frege era a sistematização do raciocínio matemático, ou dito de outramaneira, encontrar uma caracterização precisa do que é uma “Demonstração Matemática”. Frege havia notado que os matemáticos da época frequentemente cometiam erros em suas demonstrações, supondo assim que certos teoremas estavam demonstrados, quando na verdade não estavam. Para corrigir isso, Frege procurou formalizar as regras de demonstração, iniciando com regras elementares, bem simples, sobre cuja aplicação não houvesse dúvidas. O resultado que revolucionou a Lógica foi o desenvolvimento do Cálculo de Predicados (ou Lógica de Predicados).

Na verdade, ele inventou a chamada lógica de predicados axiomáticos, em grande parte graças à sua invenção de variáveis quantificadas, que eventualmente tornou-se onipresente na Matemática e na Lógica, e resolveu o problema da generalidade múltipla. A Lógica anterior havia lidado com as constantes lógicas, ou condicional “se ... então ...”, negação, particulares e totais, mas iterações destas operações, especialmente "alguns" e "todos", foram pouco conhecidas até mesmo a distinção entre um par de frases como "cada garoto ama uma garota" e "algumas garotas são amadas por todos os garotos" eram capaz de serem representados de forma muito artificial e inconsistente, enquanto que o formalismo de Frege não tinha dificuldade em expressar as diferentes leituras de "cada garoto ama uma garota que ama um rapaz que ama uma garota" e frases semelhantes, em paralelo completo com seu tratamento.

É frequentemente observado que a lógica de Aristóteles é incapaz de representar até mesmo as inferências mais elementares da Geometria de Euclides, mas a notação de Frege "conceitual" pode representar inferências envolvendo indefinidamente complexos de demonstrações matemáticas. A análise dos conceitos lógicos e as máquinas de formalização que é essencial para a teoria de Bertrand Russell das descrições e Principia Mathematica (com Alfred North Whitehead), e aos teoremas da incompletude de Gödel, e com a teoria de Alfred Tarski da “Verdade”, é em última análise, devida a Frege.

Um dos propósitos declarados de Frege era isolar genuinamente princípios lógicos de inferência, de modo que a representação adequada da prova matemática, seria sem nenhum recurso ponto a "intuição". Se havia um elemento intuitivo, era para ser isolado e representado separadamente, como um axioma: a partir daí, a prova era para ser pura e sem lógica, exibindo esta possibilidade. O objetivo maior de Frege era defender a idéia de que a Aritmética é um ramo da Lógica, uma visão conhecida como logicismo: ao contrário da Geometria, Aritmética era para ser mostrado para ter qualquer base na "intuição", e não há necessidade de não axiomas lógicos. Já em 1879 o Begriffsschrift vio com importantes teoremas preliminares, por exemplo, uma forma generalizada de indução matemática, foi obtida dentro do que Frege entende-se a Lógica Pura.

Essa idéia foi formulada em termos não-simbólicos em seus Fundamentos da Aritmética de 1884. Mais tarde, nas Leis Básicas da Aritmética (Grundgesetze der Arithmetik – 1893, 1903), Frege tentou obter, pelo uso de seu simbolismo, todas as leis da Aritmética de axiomas afirmando as como origem lógica. A maioria destes axiomas foram realizados ao longo de sua Begriffsschrift, embora não sem algumas mudanças significativas. O princípio de uma nova visão verdadeiramente relevante foi uma chamada Lei Básica V: o valor "intervalo" da função f(x) é o mesmo que o valor "intervalo" da função g(x) se e somente se “para todo x / qualquer que seja x” (quantificação universal): x [f (x) = g (x)].

O caso crucial da lei pode ser formulada em notação moderna como se segue. Seja (x |) Fx identificar a extensão do Fx predicado, isto é, o conjunto de todos os Fs, e similarmente para Gx. Em seguida, Lei Básica V, diz que os predicados Fx e Gx têm a mesma extensão se para todo x [Fx ↔ Gx]. O conjunto de Fs é o mesmo que o conjunto de Gs apenas no caso de F é cada um, e cada um do G é um F. O caso é especial porque o que está aqui sendo chamado a extensão de um predicado, ou um conjunto, é apenas um tipo de "valor-range" – agregado – de uma função.

Tyler Burge, intérprete de Frege, distingue três noções de sentido (Sinn) na obra de Frege: 1.) o modo de apresentação (contendo valor informativo) associado a uma expressão; 2.) o determinante da referência/denotação associada à expressão no sentido especificado à referência de um termo singular; 3.) o que providencia entidades a serem denotadas em contextos oblíquos.

Em um episódio famoso, Bertrand Russell escreveu a Frege, assim como quando o vol. 2 do Grundgesetze estava prestes a ir para a imprensa em 1903, mostrando que o paradoxo de Russell poderia ser assim derivado da Lei Básica de Frege V. É fácil definir a relação de pertença a um conjunto ou ampliação no sistema de Frege, Russell, em seguida, chamou a atenção para "o conjunto de coisas x tais que x não é um membro de x". O sistema da Grundgesetze implica tanto que o tal conjunto caracteriza-se, assim, não sendo um membro de si mesma, e também sendo, portanto, inconsistente. Frege escreveu um precipitado de última hora apêndice, ao vol. 2, derivando a contradição e propõe a eliminá-lo através da modificação da Lei Básica V. Esta carta e resposta de Frege são traduzidas para o inglês em Jean van Heijenoort 1967.

Solução proposta de Frege foi posteriormente demonstrada que significa que há apenas um objeto no universo de discurso e, portanto, aquele não vale nada (na verdade, isto faria para uma contradição no sistema de Frege, se tivesse axiomatizada a idéia, fundamental para a sua discussão, que o verdadeiro e o falso são objetos distintos, por exemplo, Dummett 1973), mas o trabalho recente mostrou que a maior parte do programa do Grundgesetze pode ser recuperado e expandido de outras formas.

Frege foi um dos fundadores da Filosofia Analítica, principalmente por causa de suas contribuições à filosofia da linguagem, incluindo a:

- Função de Análise no Argumento da Proposição;

- Distinção entre Conceito e Objeto (Begriff und Gegenstand);

- Princípio da Composicionalidade;

- Princípio do Contexto;

- Distinção entre o Sentido e Referência (Sinn und Bedeutung) de nomes e de outras expressões, por vezes dito que envolve uma teoria da referência mediada.

Como um filósofo da Matemática, Frege atacou o recurso a explicações psicologisto-mentais do conteúdo do acordo no significado das sentenças. Seu propósito original era muito longe de responder a perguntas gerais sobre o significado, em vez disso, desenvolveu a sua lógica para explorar os fundamentos da Aritmética, empresa de responder a perguntas como "O que é um número?” ou “O número de objetos não-palavras (“um”,”dois” etc.) ...referem-se?”. Mas, na persecução destes assuntos, ele finalmente encontrou-se analisar e explicar o significado que é, e assim chegou a várias conclusões que se mostraram altamente consequentes para o curso posterior da Filosofia Analítica e Filosofia da Linguagem.

Em "Sobre o Sentido e a Referência" (1892) Frege apresenta um paradoxo envolvendo Semântica e Epistemologia, e também uma solução para o mesmo. O paradoxo envolve sinônimos e a possibilidade de uma pessoa desconhecer a relação de sinonímia.

Vejamos um exemplo. Os nomes "Cícero" e "Túlio" designam exatamente a mesma pessoa, o filósofo e orador romano autor de De Finibus. Todavia, as frases "Cícero é Cícero" e "Cícero é Túlio" não tem o mesmo valor cognitivo. "Cícero é Cícero" é uma frase desinteressante que simplesmente expressa a identidade de uma coisa consigo mesma (lei de Leibniz). "Cícero é Túlio", por outro lado, tem valor informativo. Uma pessoa que descobre que "Cícero" e "Túlio" designam a mesma coisa não está meramente descobrindo a relação de identidade que uma coisa tem consigo mesma, pois isso ela já sabia, ao menos implicitamente.

Mas, como podem as duas frases serem diferentes do ponto de vista informativo, visto que os nomes envolvidos designam a mesma coisa?

A solução proposta por Frege para o problema consiste em articular o significado dos designadores em dois elementos, o sentido (Sinn) e a referência (Bedeutung). Essa posição de Frege foi um dos alvos de Saul Kripke em Naming and Necessity.

Os nomes "Cícero" e "Túlio" têm a mesma referência, o filósofo romano. Mas não têm o mesmo sentido, ou valor cognitivo. É por isso que quem diz "Cícero é Túlio" não está dizendo algo trivial.

O assim chamado quebra-cabeça de Frege representa um dos desafios ao millianismo a respeito dos nomes: a posição segundo a qual a contribuição de um nome para o conteúdo das frases em que ocorrem é seu referente.

Fontes:

plato.stanford.edu/entries/frege/

plato.stanford.edu/entries/frege-logic/

iep.utm.edu/f/frege.htm

utm.edu/research/iep/f/freg-lan.htm

Exercícios - Lógica Matemática (Simbólica) nº02

Lógica Matemática (Simbólica)

Exercícios de Revisão II (com Operações):


1.) Considere a proposição p: "as garotas se despem", e q: "a banda toca". Postas, produza-as na forma de linguagem natural com os seus respectivos significados; assim, em linguagem corrente de cada proposição, em cada tópico.

a-) p

b-) ¬ q

c-) q . p

d-) p & ~q

e-) (p ^ q) ⊃ p

f-) ¬ ( p & ~ q) <-> (p V q)

g-) ( ¬ p <-> q) ⊃ ~ ~ q

h-) p . ( q ⊃ ¬ p)

i-) ~ q <-> ( p ^ ¬ q)

j-) ~ ~ ~ p V ¬ q

k-) ¬ ( ~ p & q ) ⊃ ( p V ¬ q )

l-) p <-> ~ ( p V ~ q ) -> ( ¬ p . q )

2.) Dadas as proposições ( p , q , r , s ), as traduza para a linguagem lógico-matemática:

a-) O consumo não aumenta.

b-) Isaac investe.

c-) Isaac não investe e o consumo aumenta.

d-) O consumo não aumenta ou Isaac investe.

e-) Se Ricardo vende, Isaac investe.

f-) O consumo aumenta se e somente se o valor da alíquota decresce.

g-) Isaac investe e o consumo não aumenta se não for verdade que o valor da alíquota decresce.

h-) Ricardo não vende se Isaac investe, ou o consumo aumenta.

i-) É falso que em uma ocasião, o valor da alíquota decresce ou Isaac não investe, Ricardo não vende.

j-) Ricardo vende se é verdade que o consumo aumenta e o valor da alíquota descresce.

k-) O consumo não não-aumenta ou Ricardo investe se e somente se Isaac não investe.

l-) Considerando que Isaac investe e o consumo aumenta, Ricardo vende ou o valor da alíquota decresce.

3.) Nas seguintes proposições, desvelar seu valor lógico:

a-) O quadrado tem apenas três lados ou todo corpo tem peso.

b-) Em condições naturais, se Antônio colocar o dedo na tomada, levará um choque.

c-) O gelo é duro e quente ou o homem decapitado tem cabeça, se o forno congelar a comida e o homem ser dotado de compreensão lógica.

d-) Não é falso que 144 é raiz de 12 e que São Paulo é capital de Santa Catarina se e somente se o Rei da Dinamarca for careca.

e-) A Idade Média é também conhecida como A Idade das Luzes ou o homem comum é bípede e tem 5 dedos na mão.

f-) O mercúrio dilata com o frio e o 1000º número primo, começando do 0, é 104729.

g-) Para Bertrand Russell, não é verdade que Deus é existente.

h-) Em condições naturais, pode chover água e caírem raios.

i-) Em condições naturais, pode chover canivetes ou caírem tapetes persas.

j-) A pólvora é um componente explosivo se e somente se o homem é um animal racional e selvagem por natureza.

k-) Os primeiros homens não viviam em contratualismo ou sociedade, portanto Rousseau estava errado.

l-) Os carros não devem transitar por cima das calçadas e os juízos matemáticos são todos a priori, então na Alemanha se fala comumente grego arcaico.

Para, provavelmente, saber as respostas corretas, mande um e-mail solicitante, com a determinada tentativa de resolução realizada, para leonardofragah@hotmail.com ..que eu possivelmente retornarei com as mesmas...

Quem acertar tudo, concorrerá a um brinde surpresa...

terça-feira, 17 de novembro de 2009

"Hora da Pipoca" - Intervalo II



(Banda: Sisters of Mercy - Música: Lucretia, My Refletion)

O ruir da modernidade e a aurora da esvanecida contemporaneidade, aparecem ambos enaltecidos em forma de música. Tudo dançante, "sendo -entre-", Ser e não-ser, zero e um, verdade e falsidade, olhar e reflexo...

I hear the roar of a big machine
Two worlds and in between
Hot metal and methedrine
I hear empire down
I hear empire down

I hear the roar of a big machine
Two worlds and in between
Love lost, fire at will
Dum-dum bullets and shoot to kill, I hear
Dive bombers, and
Empire down
Empire down

I hear the sons of the city and dispossessed
Get down, get undressed
Get pretty but you and me
We got the kingdom, we got the key
We got the empire, now as then
We don't doubt, we don't take direction
Lucretia, my reflection, dance the ghost with me...

We look hard
We look through
We look hard to see for real
Such things I hear, they don't make sense
I don't see much evidence
I don't feel
I don't feel
I don't feel

A long train held up by page on page
A hard reign held up by rage
Once a railroad
Now it's done...

I hear the roar of a big machine
Two worlds and in between
Hot metal and methedrine
I hear empire down...

We got the empire, now as then
We don't doubt, we don't take reflection
Lucretia, my direction, dance the ghost with me...

"Hora da Pipoca" - Intervalo



(Banda: Evergrey - Música: A Touch of Blessing)

Umas das diversas manifestações do "anominável", ou pulsão vivente de "vontade pura"...

...redenção, encanto obcecado e extasiar-se, em "ser o mundo".

Que é a "Filosofia" diante do exaurir do Momento, pela alma musical?

Penso que Dioniso precisa de Apolo e vice-versa... Como se o repouso, ontologicamente, fosse apenas "incompreensão", incompetência nossa em intolerar dubitáveis variáveis, daquilo que é dinâmico e não "captamos" como movimento dos seres, assim permanece "metafisicamente" por simples hábito, reafirmando-se e reafirmando-se em constante mudança. A compreensão do "fogo em devir dionisíaco-ontológico" é tabu para muitos.

Enfim, pra quem conhece e gosta dos "artesãos" suecos, dia 13/12 terá show deles na Arcoverde, em Pinheiros(SP). Comprei anteontem o ingresso e pretendo ir.

sábado, 14 de novembro de 2009

Quem Somos?

"QUEM SOMOS?" (limite ultrapassado de caracteres, na descrição do perfil do blog, vai então como postagem mesmo, até "segunda ordem"...)

Leonardo & Veridiana, apreciadores de... Filosofia, Música, artes e ciências em geral, agradáveis prazeres, "rock/metal soco-na-coxa e tapa-na-cara", sombra e água fresca, literatura prosaico-poética "sem muita frescura", valores transvalorados, passeios noturnos; e redentores de um"epochéiko" gosto peculiar de falar mal dos outros à suspensão de todos os juízos (inclusive, por vezes, na terceira pessoa à primeira pessoa do singular/plural).

Exímios intelectuais simbolistas emparnasianados, abstrato-realistas; excelentes, "lógicos" em Estética, e "estéticos" em Lógica. Com o "querer saber", pretendem investigar, criticar e questionar a Filosofia, dela e pela mesma; pois, do contrário, simplesmente tudo "Dionisar-Desmesuradamente-à-Deus-Dará", e ainda que "Gozar pela Vida" seja essencial, a Filosofia Acadêmica assim, como fim, não teria qualquer sentido.

Possuidores de ácido e corrosivo humor, com onipresente ironia atuante, sarcasmo onisciente e onipotência em interpretar, buscam diatônicamente, a satisfação cromática. Safardanas à lá ritornelo, mil consonâncias harmônicas em infinitas por arranjadas vozes, não são o bastante. Usufruidores por Andamentos e Dinâmica do "Mesmo", em Presente-Existencial, no ápice da eternização do Momento retornante e do querer na vontade de potência para um além-do-homem, suas vidas são autênticas obras de arte. Ode, Glória, Ouroboros! Cuidado, recém-navegante de incontáveis oceanos sem ilhas...

Enfim, palavras não são suficientes para dizer tudo, ora indizível. Palavras não dizem quase nada. O mundo de símbolos nunca chegará perto do "mundo real". Mas, aqui fica a tão grave simpatia ao "dizível". E aqui, um "Viva" à "Vida", como Ela é. Os dois autores desse blog, os dois impávidos observadores desde uma soberba e altiva fraga escalada, à sopro rarefeito, querem "Da capo" vivencial elevado à enésima potência. À sombra de um leve, honesto e aconchegante pessimismo em alegria.

Quem Tem Medo De Matemática?

Pessoalmente, penso que o condicionamento de massas a respeito do “diabolismo” dos números, vai meio pela linha do “Saber é poder”. Controle da grana (a saber, a manha de investimentos metadiversos – lucro e crédito –, nas bolsas de valores e afins); fundamentos “contemporâneos” plausivelmente consistentes por alicerces “provisoriamente” duradouros – a “visão maior” em micro e macro-econômica; “segurança” e administração da própria liberdade: afinal, a liberdade não “é o bem que nos permite desfrutar dos outros bens”?, como diria o iluminista Barão de Montesquieu; ora, o dinheiro não é denominado ou sinônimo de “Capital”, por mero acaso...

Qual seria o pior... O brechtiano “analfabeto político” ou o “analfabeto matemático”? Como ser um, sem também não ser o outro?

Aritmética, álgebra, geometria, trigonometria, cálculo, análise, teoria, probabilidade, estatística, logaritmo, enfim... Calcular pode ser ruim, mas os produtos são notáveis... Penso, que, salvas circunscritas exceções, quem “domina os números”, ostenta de certo modo “poder”. Pelo menos, no que diz respeito ao nosso “Atual Mundo Ocidental”.

Como a máxima atribuída à autoria de Aristóteles, reitero: “As ciências têm raízes amargas, mas seus frutos são doces”. Hmm...ou não. Tudo é relativo, pronto. Vou pro bar.

Revista Exame – Capital Digital

Quem Tem Medo De Matemática?

Por Helio Gurovitz

Muita gente. O problema é que ela é cada vez mais necessária

Desde criança me impressiona como gente extremamente inteligente e sensível pode ter medo de matemática. A infeliz divisão curricular entre ciências, por assim dizer, humanas e exatas só reforça a fobia. Ninguém diz "tenho horror a frases", mas muita gente não tem a menor vergonha em confessar "não suporto contas". Muitos sentem orgulho da própria ignorância — "eu gosto é de pessoas, não de números", como se uma coisa pudesse ser comparada à outra. Em situações sociais, se alguém comete algum erro grosseiro de português, pega muito mal. Se comete uma barbaridade matemática, com certeza se safa numa boa. Fazemos força para erradicar o analfabetismo do Brasil, mas não gastamos um tostão nem um só segundo para combater — com o perdão do barbarismo — o analfabetismo em matemática (em inglês, criaram até uma palavra para identificar o problema: mnumeracy).

Milhões, bilhões, trilhões, que diferença faz? Faz muita. Pense que, se você gastasse 1 real por segundo, levaria onze dias e meio para torrar 1 milhão de reais, mas 32 anos para se livrar de 1 bilhão. Percebeu como faz diferença? Mas, mesmo entre executivos e empresários (para não falar em políticos e jornalistas), dimensões e grandezas não parecem estar na ordem do dia. Nem estatísticas, probabilidades, proporções ou percentuais. O problema é que a tecnologia está. E, normalmente, a dificuldade de quem não consegue lidar com o computador não está na máquina. Está no analfabetismo em matemática.

Um computador não passa de uma máquina de calcular muito vitaminada. Tudo num computador é traduzido por números. Absolutamente tudo. Chamar algo de digital quer dizer, precisamente, que esse algo pode ser "numerizável" (em francês, por sinal, a tradução para a palavra digital é numérique). Como, então, alguém pode lidar com a economia digital se tem fobia de números? Como pode entender que a era da informação, no fundo, é a era numérica, já que os bits não passam de números (zeros ou uns)?

Os mais pragmáticos podem objetar que não é preciso saber como funciona um editor de textos ou um programa de apresentação de slides para usá-los. É fato. Um dos grandes avanços no mundo dos computadores foi torná-los mais palatáveis às massas. Mas qualquer um concordará que é impossível usar a tecnologia da informação da melhor forma nas empresas sem dominá-la. Como medir, por exemplo, se um investimento em programas e equipamentos sai caro ou barato? É nesse ponto que o problema se torna mais insidioso. Pois as mesmas pessoas que admitem com orgulho a ignorância em matemática morrem de vergonha de dizer que se sentem intimidadas pelo computador e deixam as decisões mais simples a cargo dos especialistas.

Não há motivo para vergonha. O sistema educacional doutrinou a maioria para ver a matemática como algo monótono que não incentiva a criatividade e nada tem a ver com a humanidade tão necessária hoje para gerir corporações. Para ter idéia de como é falsa a suposta oposição entre atividades técnicas e humanas, basta lembrar que entre os maiores representantes das últimas estão matemáticos como René Descartes. Blaise Pascal, Gottfried Leibniz ou Bertrand Russell. Se você encarar a matemática apenas como o que ela é — mais uma linguagem ou uma outra língua estrangeira —, perceberá como ela instantaneamente desce do pedestal do inacessível. E, de quebra, verá como fica fácil tirar proveito do computador.

hgurovitz@abril.com.br

econ.puc-rio.br/gfranco/HGurowitz_matem.pdf

on.br/site_edu_dist_2006/pdf/modulo3/medo_de_matematica.pdf